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Projeto pesquisa transformação de resíduos de vidro em esmalte cerâmico


Estima-se que o Brasil produza 1,8 mil toneladas de resíduos de vidro laminado por mês. Para-brisas de automóveis, por exemplo, acabam indo para aterros sanitários quando se quebram. A reutilização deste material vem sendo objeto de pesquisa científica, na medida em que pode ser utilizado na fabricação de fritas e esmaltes para a indústria de revestimentos cerâmicos.

Um projeto desenvolvido pelo Câmpus Criciúma do Instituto Federal de Santa Catarina (Ifsc), em parceria com a empresa Colorminas, vem contribuindo na busca de soluções para a indústria cerâmica, um dos principais eixos da economia da região, empregando cerca de 5,5 mil trabalhadores no município. De quebra, ainda coloca os alunos dos cursos técnicos e de graduação a vivenciarem uma experiência com pesquisa aplicada, um dos objetivos dos Institutos Federais.

Aprovado em 2014, pelo CNPq, o projeto Reaproveitamento de resíduos de vidros laminados na fabricação de fritas e esmaltes cerâmicos tem como objetivos reduzir o custo de produção das fritas cerâmicas, como são chamados os materiais básicos para a produção de esmaltes usados em pisos, azulejos e porcelanatos. Dar destino adequado ao vidro laminado de automóveis e contribuir para a fabricação de um revestimento autossustentável e de baixo custo para as indústrias também se caracterizam como objetivos específicos do referido projeto.

“O vidro laminado é muito usado em para-brisas de automóveis e também na construção civil por ser classificado como um vidro de segurança, formado por uma camada de vidro, uma camada de polímero e outra camada de vidro. Esse conjunto acaba dificultando a separação das lâminas e a reciclagem deste material. Pela grande quantidade que é gerada, todos esses vidros laminados são destinados para aterros sanitários, como resíduo sólido inerte, sem nenhum reuso ou aplicabilidade”, explica o professor Marcelo Dal Bó, coordenador de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do Câmpus Criciúma e responsável pelo projeto ao lado do professor Lucas Dominguini.

Soluções para a indústria

O projeto consiste na moagem e fusão de resíduos de vidros laminados e óxidos e na elaboração de diferentes formulações químicas a fim de serem testadas em pisos e azulejos, avaliando-se características como viscosidade, resistência e aparência dos esmaltes. Os testes já realizados vêm demonstrando que o esmalte cerâmico produzido a partir dos resíduos de vidros laminados são compatíveis com os parâmetros da indústria.

“O tema recuperação de resíduos é bastante relevante para a indústria e eu vejo que os testes aqui apresentados são bons, com características compatíveis com os produtos que temos para fritas cerâmicas, e acredito que, com a conclusão do projeto, poderemos ter testes industriais com as formulações aqui definidas”, afirma o gerente industrial da empresa Colorminas, Juliano Selinguer Patricio.

A Colorminas desenvolve e fornece matéria-prima para massas cerâmicas e tem sua sede no município de Içara, em frente ao Câmpus Criciúma do IFSC. Representantes da empresa vêm acompanhando as etapas do projeto. “O aporte de conhecimento é sempre muito importante, porque traz uma visão diferente do que temos tradicionalmente na indústria. A academia tem uma liberdade maior para propor soluções que, às vezes, no dia a dia, não temos oportunidade”, afirma Patricio.

Para os alunos bolsistas, o projeto de pesquisa também é uma oportunidade de experimentar na prática o conhecimento de sala de aula e entrar em contato com processos industriais. André Sorato Fragnani faz o curso técnico em Química no Ifsc e planeja se tornar um Engenheiro Químico. “O nosso curso técnico tem sido um bom intermédio para o curso superior. E este projeto tem sido um intermédio para a atuação em empresas, porque tenho noção do que é estar dentro de uma empresa, todos os processos. Isso tem me ajudado a despertar o interesse pela Química”, afirma o estudante.

                                                                                                                                                                              Engeplus.com.br, 19/06/17



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