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Redução do volume de vendas da Vale deve afetar até a cadeia siderúrgica


Menor oferta de minério de ferro, em consequência da paralisação de diversas operações da empresa, gera perspectiva de preços em patamar elevado neste ano, impactando inclusive o aço.

A redução de vendas de minério de ferro anunciada pela Vale para este ano deve afetar toda a cadeia, incluindo a siderurgia. O mercado acredita que o preço da commodity deve continuar em alta diante do corte de oferta resultante da paralisação das operações da companhia em Minas Gerais.

“Essa redução do volume físico já influenciou o preço do minério de ferro, que continua em patamar alto no mercado internacional”, aponta o analista da Mirae Asset Corretora, Pedro Galdi.

Em consequência da tragédia de Brumadinho (MG), a Vale interrompeu a operação em diversas minas. De acordo com a empresa, essas paralisações correspondem a uma capacidade de 93 milhões de toneladas por ano.

Esse impacto será reduzido pelo uso de estoques e a perspectiva de reabertura de algumas das minas. A companhia prevê redução de 50 milhões a 75 milhões de toneladas de minério de ferro comercializados em 2019.

Atualmente, o preço do minério de ferro está na faixa de US$ 85 a tonelada, cerca de US$ 10 acima do patamar anterior ao rompimento da barragem, no fim de janeiro. “As ações da [Companhia Siderúrgica Nacional] CSN, que também produz minério de ferro, tiveram um crescimento expressivo recentemente. A visão do mercado é que a commodity vai se manter em um preço elevado”, diz Galdi.

Ele acha improvável que os preços passem por uma acomodação ao longo do ano. “É difícil se não vier capacidade nova. E expandir a produção demanda investimentos e um longo prazo”, avalia.

Em teleconferência com investidores, o diretor-executivo de finanças e relações com investidores da Vale, Luciano Siani, explicou que seriam necessários até três anos para ocupar toda a capacidade ociosa das minas. “Não é um ativamento instantâneo, exige contratações e investimentos. Nesse momento, nossa prioridade é garantir a segurança e reparar danos.”

Um impacto esperado pela companhia dos cortes de produção é a piora no teor de ferro contido do minério. Siani declarou que parte dos volumes excedentes da mina de Carajás (PA) que seriam exportados no mercado à vista terá que ser usada para corrigir o mix do Brazilian Blend Fines (BRBF), uma mistura de minérios de diferentes teores. “Vamos manter a oferta do BRBF estável, que é o nosso principal produto”, disse Siani.

Galdi acredita que o volume de exportações pode ser afetado pela redução da atividade econômica global. “Esses sinais estão ficando mais evidentes, principalmente na China. Ainda assim, o patamar de preços do minério é positivo e a Vale vai continuar vendendo bastante.” Siani disse ainda que a companhia não fez estimativa das consequências da paralisação de parte da produção no custo caixa da companhia. “Não estamos dando prioridade a isso. A empresa será capaz de absorver. O que vai haver com certeza é uma menor diluição dos custos fixos”, garantiu.

Resultado anual

Para Galdi, o desempenho apresentado pela Vale em 2018, com lucro líquido de R$ 25,65 bilhões, foi extremamente positivo. “Já era esperado, conforme os resultados dos trimestres anteriores. O preço médio estava ótimo e a expectativa era de um faturamento forte”, pondera o analista.

O balanço, divulgado na noite de quarta-feira (27), ainda não contempla os impactos da tragédia de Brumadinho. “No próximo trimestre, deve vir um impacto grande, em consequências das paradas de produção e de todas as indenizações. Mas não é possível dimensionar ainda se vai haver prejuízo ou não”, avalia Galdi.

Siani ressaltou que o corte do grau de investimento impôs algumas dificuldades à Vale. “O custo de captação aumentou e houve aumento da dívida líquida com redução do prazo médio para o pagamento.”

Ele declarou que a última preocupação da empresa é retomar a produção. “É possível compensar a perda de alguns volumes, mas isso vai ocorrer lentamente. Não temos nenhum plano de acelerar a produção de Carajás.” Ele garantiu que a metodologia de segurança das barragens ficou mais rígida, inclusive na própria Vale.

Fonte e Imagem: DCI, (29/03/2019)

 

 



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